O nível do mar continua a subir... (28-02-2012)
Há 15 anos atrás, as praias da região de Aveiro apresentavam todas um extenso areal com pelo menos 100 metros de areia entre as dunas e a orla marítima. Decorrida esta década e meia, o que se verifica é que esse extenso areal encontra-se reduzido a metade do seu tamanho, sendo que em algumas zonas (como a Praia da Vagueira) a praia praticamente que deixou de existir.
Paulatinamente, o mar irá reconquistar terrenos que já foram seus. Esta cadência de avanços e recuos (separados por centenas, se não milhares de anos) registou nos últimos tempos uma aceleração dado o excesso de intervenção humana nas zonas costeiras e pela subida da temperatura da água do mar, causada pelo excesso de poluição libertada para a atmosfera e para os próprios oceanos.
Existem ainda cépticos relativamente aos efeitos das alterações climáticas. Contudo, essas alterações já fazem parte do nosso quotidiano e iram proporcionar-nos muito tempo de incertezas e sofrimento. Esta imagem vale por mil palavras. 10cm pode parecer uma medida insignificante, mas se o mar subir o seu nível "apenas" 10cm será o suficiente para fazer desaparecer grande parte da nossa linha de costa. O cordão dunar encontra-se mal protegido, existe demasiada construção junto à linha de costa (o que impede a sua defesa eficaz) e a estupidez humana continua a destruir dunas e a sua vegetação, a poluir as areias e as águas. Como se não basta-se, os programas de protecção da orla costeira são efectuados à boa maneira Portuguesa: não se previne, não se antecipa, apenas se faz alguma coisa como forma de remedeio e depois de o mal estar feito.
É preciso pensar em desenvolvimento sustentável, é preciso reciclar, reutilizar, é preciso reduzir os níveis de CO2 emitidos e a dependência dos produtos petrolíferos. É preciso sobretudo deixar a visão onde essas alterações climatéricas apenas trarão consequências num futuro ainda algo longínquo e começar a agir já, sob pena de ser demasiado tarde. Hoje em dia precisamos de cerca de planeta e meio para sustentar as necessidades da população mundial, no entanto, só possuímos um planeta. Dá que pensar? Dará, com certeza, quando a água e a comida faltarem em mesas onde normalmente são abundantes.
Quando foi a última vez que apanhou um papel do chão (mesmo não sendo deitado por si), quando foi a última vez que regou uma árvore ou uma planta que não esteja na sua habitação? Quando foi a ultima vez que fez reciclagem ou que reutilizou um produto em vez de o deitar ao lixo? Quando foi a última vez que preferiu vidro em detrimento do plástico? Quando foi a última vez que desligou a sua viatura numa fila de trânsito? Quando foi a última vez que passeou a pé em vez de levar o carro? Estes são pormenores que podem fazer a diferença no futuro, entre um clima temperado e ameno ou entre um clima extremo e agressivo. Entre uma vida minimamente saudável e uma vida num mundo doentio, típico de ficção cientifica. Pois bem, a ficção está cada vez mais perto de se tornar realidade.
A imperfeição humana aliada ao seu desejo grotesco de consumir impôs-se a uma Natureza perfecionista e resistente mas que começa a sucumbir aos desígnios tresloucados de uma sociedade insensível, imoral e egocêntrica.
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