sexta-feira, 2 de março de 2012

Afinal o que é a Ciência da Informação e Documentação

Afinal o que é a Ciência da Informação e Documentação Publicado no Diário de Aveiro a 24-02-2012 Por vezes sou confrontado com expressões indagadoras e descrentes sobre a minha área de formação superior. Afinal, o que é isso da Ciência da Informação e da Documentação? Como surgiu? Para que serve? Quem são os profissionais da informação? A produção de informação é inerente à condição humana, é um fenómeno social. Sem informação não seriamos a sociedade tecnologicamente em que nos tornamos. O advento das TIC na década de 60 e a revolução digital ocorrida na década de 90 do séc. XX acarretou uma serie de mudanças socioeconómicas e culturais que estão na origem da Sociedade da Informação, uma sociedade de cariz tecnológico onde a informação científica se transforma no novo factor de produção económica. A Ciência da Informação surge como resposta à necessidade humana de conhecer e explicar a sua realidade sociocultural e de aplicar esse conhecimento à melhoria das suas condições de vida. Pode definir-se a Ciência da Informação como a disciplina que investiga as propriedades e o comportamento da informação, que investiga as forças que regem o fluxo informacional e os meios de processamento da informação para a optimização do acesso e uso. Tem um corpo de conhecimento que abrange a origem, colecta, organização, armazenamento, recuperação, interpretação, transmissão, transformação e utilização da informação. Inclui a investigação das representações da informação, dos códigos de transmissão e o estudo dos serviços e técnicas de processamento da informação. A Ciência da Informação não é uma área de saber empírico, é uma área da saber multidisciplinar, com objecto próprio, método apropriado e teorias fundamentadoras. Tem uma componente de ciência pura que indaga o tema sem ter em conta a sua utilização (como observamos nos processos de gestão documental – a classificação ou a indexação) e uma componente de ciência aplicada que desenvolve produtos e serviços (gestão de conteúdos, difusão informacional por perfil de utilizador, etc.). A Biblioteconomia, a Documentação e até a Arquivística enquanto exercícios profissionais dependentes da informação estimularam a reflexão sobre a prática, conduzindo à investigação e à teorização em torno de um objecto de estudo essencial para a construção do conhecimento científico e da ascensão da própria ciência. Será o estudo desta praxis a conduzir a evolução técnica e metodológica do profissional da informação, propondo-lhe novos desafios, introduzindo novos paradigmas no modo de criar, trabalhar, recuperar e usar a informação. A Ciência da informação pressupõe a existência de uma comunidade científica baseada em instituições fortes e estáveis como as bibliotecas e os centros de documentação, recursos humanos qualificados e canais de comunicação por onde difundir a informação. O Documentalista evolui-o para profissional da informação, com novas designações profissionais, novos objectivos, nova formação e uma necessidade de novas aptidões, abandonando técnicas e rotinas padronizadas. Assiste-se à ligação em rede de pessoas e tecnologias, assiste-se ao aumento inexorável do fluxo informativo e à mudança de suporte, sendo que toda a gestão informacional passa a ser feita em função das necessidades informativas dos utilizadores. As Bibliotecas e os seus profissionais da informação e documentação são agora a ponte entre as suas comunidades e os desígnios de uma sociedade tecnológica que exige conhecimentos já algo complexos para a vivencia plena da cidadania. O bibliotecário é hoje em dia um profissional multifacetado que cria, planeia, gere e difunde, que estuda o comportamento da informação e dos utilizadores, estuda as necessidades informativas e procura satisfaze-las. É o mediador entre a necessidade e o prazer de conhecer e as auto-estradas de informação que a internet instituiu. Sem o profissional da informação, a criação, o acesso, a gestão, a recuperação a utilização e difusão de informação pertinente seria algo apenas ao alcance de utilizadores com formação elevada, originando ainda mais exclusão social e informativa, tipos de exclusões cada vez mais frequentes e com graves repercussões económicas e sociais sobretudo para as minorias e para os mais carenciados.

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